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ESTRATÉGIA MISSIONÁRIA DE JESUS


Ademir Ifanger


"Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara." (Mateus 9.36-38)


"Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades. [...] A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento. E, em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e aí ficai até vos retirardes. Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz." (Mateus 10.1, 5-13)


Assim como nos dias de Jesus, as ovelhas precisam de pessoas para cuidar delas. Esse cuidado envolve uma identificação com os problemas que elas têm, pois muitas vezes o evangelismo, mesmo feito pessoalmente, torna-se impessoal por não adentrar nas crises e circunstâncias que as pessoas estão passando. Em Valinhos, temos feito incursões nos bairros com grande parte da igreja. O objetivo primário é fazer com que os irmãos percebam como as pessoas estão vivendo, qual é a sua realidade, pois costumamos chamá-las de “os de fora”, “os do mundo”, demonstrando com isso um certo preconceito, julgando-nos “seres privilegiados” que estão em uma condição superior a elas.

Conforme o texto acima, uma casa digna é aquela que recebe o evangelho, que nos recebe, e nela deixamos a paz do Senhor Jesus. Infelizmente, não temos mais esse conceito de hospitalidade que havia no primeiro século, pois as pessoas têm reações contrárias a isso. Porém, podemos usar esse mesmo princípio através de relações, conversas e abordagens, sem necessariamente permanecer literalmente morando nessas casas. Podemos, sim, evangelizar e cuidar periodicamente das pessoas nesses lugares estabelecendo um foco de trabalho, pois ali pode surgir núcleos de igrejas nas casas, que é uma estratégia missionária de Jesus para a expansão da Igreja.

Esse estilo de igreja do primeiro século é difícil para nós hoje, porém, devemos nos adaptar às nossas circunstâncias e realidades e fazer as mesmas coisas, mas de uma maneira contextualizada. Isso não significa que vamos deixar, por exemplo, de evangelizar de casa em casa só porque não está dando certo, ou porque as pessoas não nos recebem etc. e, então, vamos apenas espera que elas venham às nossas reuniões. Só que, nesse caso, enfrentaremos uma outra dificuldade, pois elas vão ter de sair do contexto e ambiente que vivem para assimilarem o nosso contexto e ambiente, que elas não entendem bem. Dessa forma, o evangelho se fragmenta para elas, e acabam não tendo uma narrativa do evangelho todo, uma visão clara e sistemática do começo, meio e fim, do propósito inicial e final. Nos cultos elas ouvem sobre muitos assuntos, não necessariamente relacionados às suas circunstâncias de vida, mas sim ao nosso grupo em particular, e não recebem ou entendem o que é falado. E, mesmo que entendam, provavelmente não se aplicará às suas situações pessoais cotidianas.

Temos pregado um evangelho muito focado na teodiceia (Deus e sua justiça), porém, normalmente, isso está desconectado da existência ou vida diária das pessoas. Falta nessa pregação a prática da nossa real missão como mediadores (sacerdotes) entre Deus e sua justiça, que podemos chamar de “empatia” ou “relacionamento” (teopatodiceia – Deus, empatia e justiça). Como podemos levar a justiça e a verdade de Deus às pessoas, mediada pelos relacionamentos, para que elas compreendam na sua existência o que Deus quer para suas vidas? Isso envolve muita sensibilidade às circunstâncias que elas estão passando.

Por exemplo, um casal está desorientado e lhe apresentamos o kerigma do evangelho. No entanto, esse kerigma não se aplica imediatamente à situação que ambos estão enfrentando. Eles podem aceitar a Cristo Jesus, terem uma experiência com Deus, mas continuar vivendo sua crise por não entenderem como podem aplicar o evangelho para solucionar seu problema conjugal. Mesmo tendo Jesus, podem continuar vivendo “encrencados” conjugalmente. Dessa forma, vão procurar ajuda em tudo que lhes ocorrer, menos na Palavra de Deus. Isso deve nos levar a ter uma outra visão do ministério pastoral, de como cuidar das pessoas, e também de como evangelizar e discipular.

“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.” O estado daquelas pessoas era resultado de não terem pessoas para cuidar delas. Mas como Jesus chegou à essa conclusão? Essa multidão era fruto do que ele estava fazendo antes, pois o verso anterior (35) diz: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.” Ele estava fazendo o que eu posso chamar de “mapeamento” ou “pesquisa metodológica prática de campo” – ir até as pessoas, saber como elas estão, entender suas circunstâncias, e depois orar e cuidar delas. Jesus delimitava e percorria um espaço geográfico, contatando e entendendo as pessoas – e esse é o nosso problema hoje: nos distanciamos das pessoas, não temos mais relacionamentos práticos com elas.

Quando eu me aposentei secularmente e fiquei de tempo integral no ministério, senti muita dificuldade de continuar mantendo relacionamentos com as pessoas de fora da igreja. Assim, fui perdendo aquela sensibilidade ou percepção acerca do que elas estavam pensando e vivendo. Nós, cristãos, temos nossas próprias interpretações acerca da vida, que normalmente partem do que a Bíblia fala, sem compreendermos onde as pessoas estão; vemos tudo o que fazem como coisas imundas e pecaminosas; cultivamos uma visão muito moralista da fé em relação às pessoas que estão fora da nossa percepção pessoal.

Fazendo aquelas “incursões” entre o povo, Jesus adquiria uma compreensão das situações das multidões com quem relacionava. No entanto, ele não podia cuidar de cada pessoa. Ele podia pregar, anunciar, curar alguns, mas não pastorear ou discipular as mesmas. Por isso, ele nos ensina que a melhor estratégia para isso é o cuidado pessoal.

Quando ensinamos os irmãos a saírem e contatarem as pessoas, é com o intuito de deixarmos a inércia relacional que vivemos, para entendermos na prática como elas estão pensando e vivendo, como podemos enxergá-las a partir da ótica de Jesus. Às vezes, conseguimos fazer isso saindo fora da nossa cidade por meio de incursões missionárias. Porém, em nossa cidade ficamos parados, envolvidos nos cultos e reuniões caseiras, e não avançamos mais do que isso. De repente, chega um casal, uma família e os atendemos, aconselhamos etc., mas elas não recebem um evangelho completo, sistemático, com narrativa em suas vidas.

O que eu quero dizer com narrativa? Por exemplo, vamos entender um partido político ideológico. Seus integrantes têm uma narrativa própria que gera uma metodologia de ação. A igreja, pelo contrário, normalmente tem um evangelho fragmentado que inclui evangelismo, salvação, reino, boas obras, vida reta etc., mas sem uma conexão entre elas, uma junção de cada parte para formar o todo. Os judeus ensinavam “toda a lei” para suas crianças até seus 13 anos de forma intensa e sistemática. É assim que fazemos com nossos filhos hoje?

Na estratégia do contato, nós pesquisamos, mapeamos, delimitamos o campo de ação para depois trabalhar com as pessoas. Em Valinhos, temos trabalhado com três focos de ação, que são os mesmos que Jesus nos ensina acima, ao que chamamos de “Estratégia Missionária de Jesus”:

  1. Primeiro, oramos e falamos com os parentes, amigos e colegas dos irmãos da igreja. Usamos um cartão com seus nomes para orar por eles, mas em seguida procuramos falar com eles para não ficar somente na oração, afinal, já temos relacionamentos com os mesmos, já sabemos o que acontece em suas vidas. Assim, sabendo isso, nos dispomos a servir essas pessoas de alguma forma, seja orando, visitando, perguntando, aconselhando, servindo, falando de Jesus. Quando evangelizamos as pessoas, normalmente elas convidam seus amigos e familiares para também nos ouvir, pois gostam de contar aos outros o que julgam ser bom para elas. Elas têm uma linguagem que é facilmente compreendida pelos demais, porque ainda não têm uma “mentalidade” ou “linguajar evangélico”, mas explanam com facilidade o que lhes aconteceu de bom e que pode também acontecer a elas. Porém, sempre há um grupo que não aceita a Palavra e, então, os tratamos (embora não falamos) como “condenadas ao inferno”; não nos preocupamos mais em sermos testemunhas para elas, ou mesmo em continuarmos nosso relacionamento com elas, ou em sermos zelosos em nosso procedimento cristão, pois já aceitamos que não se converterão e, então, as descartamos. Ou seja, segundo a nossa ótica são pessoas irremediavelmente perdidas. Assim, qualquer metodologia de evangelismo que usarmos nunca deve rejeitar o contato, a relação com essas pessoas, mas sempre mantê-lo vivo e constante. A questão é que algumas pessoas que contatamos no primeiro momento da evangelização e que aceitaram o evangelho e foram para a igreja, associaram seus problemas existenciais com a solução ou resposta que demos às suas necessidades. Porém, as que rejeitaram, talvez não tinham as mesmas necessidades, problemas ou situações das que aceitaram. Então, é preciso descobrir maneiras diferentes de falar com elas, de abordá-las. Por exemplo, chega à igreja uma pessoa viciada em drogas e sua família vem junto. Ora, nem todos nessa família são viciados em drogas, então, a igreja será um bom lugar para aquele, mas não tão necessária para os demais. Portanto, a abordagem com cada um deve ser diferente: “O que falta em sua vida? Como está seu relacionamento em casa? Sua saúde? Sua condição financeira? O que você pensa de Jesus Cristo? Gostaria que lhe explicássemos melhor sobre ele, quem ele é?” etc. A amizade, a maneira de abordar, os assuntos devem ser diferentes daquele que precisa ser liberto das drogas. O problema é que nos acostumamos com a ideia de que os que rejeitam não têm mais solução e, assim, perdemos a expectativa com eles.

  2. Segundo, usamos as chamadas “pequenas incursões”. Vemos essa estratégia de Jesus nos versos 36 a 38 de Mateus 9. Essas são todas as atividades da igreja que possibilitam chamar pessoas não cristãs: palestras, cursos, reuniões sociais etc. Antigamente, toda nossa teologia (fé, crenças, doutrinas) era feita dentro da igreja. De repente, essa teologia entrou nas Academias ou Universidades (doutrinações) e, depois, na sociedade como um todo, afetando-nos e deixando-nos sem saber como lidar com a mesma, pois sempre fomos acostumados a resolver esse assunto internamente. Por isso, hoje devemos pensar, refletir e usar novos meios de abordar as pessoas. Quero exemplificar com uma metodologia usada pela teologia da libertação. Seu método é: “Você vê, você julga e você age”. Seu erro não está nisso, mas sim em seus pressupostos. Porém, foi exatamente isso que Jesus fez: Primeiro, ele viu as multidões, sua situação (exaustas, prostradas). Segundo, ele teve um discernimento (julgou, refletiu, discerniu, pensou em como fazer). Quando pensamos e discernimos os motivos das pessoas estarem exaustas, criamos ações práticas para ajudá-las (terceiro), pois nos tornamos responsáveis por aquilo que vemos. Quando vemos, julgamos e interpretamos as condições humanas, nossa tendência natural é agir ou nos envolver para tentar melhorar ou mudar essas condições. Para tanto, é importante entendermos nossas limitações, que não somos capazes de nada sem o Senhor. Foi isso que Jesus levou seus discípulos a compreender: a seara é grande, os trabalhadores são poucos, somos limitados e incapazes de resolver, isso nos estressa e cansa e, portanto, temos de orar ao Pai para que Ele faça. Quando oramos, nos comprometemos com o alvo ou motivo da oração. Ninguém ora simplesmente por algo sem se comprometer com isso, justamente porque a oração é a nossa mediação sacerdotal entre Deus e o ser humano (com suas necessidades). É por isso que somos um povo sacerdotal, pois estamos sempre mediando situações. Toda realidade precisa de mediadores. O mundo, quando foi criado, tinha Deus e a natureza, e o homem fazia a mediação entre eles. O homem era o “vice regente” da Terra – Deus era o Rei, e o homem era o responsável diante Dele pelo governo da mesma; seu papel sacerdotal estava implícito naquela situação. Mas ele também falava à natureza da parte de Deus, exercendo um papel profético. A Palavra diz que somos “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pd 2.9); exercemos o papel de reis, sacerdotes e profetas na Terra. A Igreja tem esse papel mediador e profético entre o Deus justo e a sociedade injusta. Compreendendo isso, não devemos adotar um particularismo exclusivista da nossa fé, mas entender nossa vocação ou chamado. Por isso, a oração é imprescindível como fator de mediação entre Deus e os homens, pois através dela nos colocamos diante de Deus a favor deles. É verdade que também pedimos por nós, mas para que sejamos e façamos o que devemos ser e fazer em relação aos outros. É nesse sentido que Jesus disse: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 18.18), pois, quando correspondemos ao que Deus quer na oração, os céus e a Terra se ligam. Essa segunda estratégia, portanto, é ver, interpretar e agir em cima do que vemos. Normalmente, quando vemos, a primeira coisa que sentimos é a incapacidade de resolver. Mas esse é o nosso chamado e responsabilidade. Muitos, quando veem, acham que resolver não é problema deles, e sim dos outros. Mas todos fomos chamados para ver, interpretar o que vemos à luz do Espírito e da Palavra, e agirmos de acordo com essa interpretação. Essa estratégia de Jesus era muito empática, relacional, e o discipulado precisa ter essa mesma dimensão. Não é possível um discipulado onde você dá uma ordem e espera a obediência. É na relação que as subjetividades se unem, ou seja, que a pessoa entende o que queremos, e que entendemos o que ela quer e precisa. Assim, ela também passa a querer o que nós queremos, porque isso é o que Deus quer. Nessa união de subjetividades compreendemos um ao outro, e ambos compreendemos o que Deus quer. Portanto, o discipulado nunca deve abdicar da relação, pois essa é a base da mediação. A subjetividade são as questões internas – aspirações, motivações, intenções – que não conseguiremos entender sem nos relacionar. Aliás, nós julgamos e interpretamos as subjetividades dos outros segundo as nossas próprias subjetividades, mas depois, quando conversamos, descobrimos que “não era bem aquilo”. Ou seja, a subjetividade é algo da interpretação pessoal e pode levar à relatividade, portanto, devemos cuidar com ela e nos relacionarmos com as pessoas para que não nos julguemos os donos da verdade, achando que apenas o que pensamos e achamos é o correto.

  3. Terceiro, partimos de uma possibilidade para uma ação prática. Jesus disse que os trabalhadores eram poucos e que algo devia ser feito. Às vezes, temos a mentalidade de “8 ou 80”, de “é ou não é possível”, mas Jesus sempre começava de algo impossível para alcançar o que era possível. Começou com o chamado dos discípulos: preparar poucos para alcançar muitos: "Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades." (Mt 10.1). Ele lhes deu a mesma capacidade que tinha, lhes ensinou a fazer o mesmo que fazia, para que participassem do mesmo sentimento de compadecimento das pessoas que ele tinha. Ele os capacitou a ver, entender e atender as necessidades do povo. Hoje não vivemos muito preocupados com o fato das pessoas estarem enfermas ou oprimidas, e que devemos orar e nos envolver para resolver essas situações. Porém, lembrando o que dissemos antes, o primeiro passo é ver a situação, o segundo é julgar e interpretar, e o terceiro é agir, partindo da impossibilidade para a possibilidade. Ainda eram poucos os discípulos (doze), mas ele lhes deu instruções práticas. Obviamente, nós não temos a mesma capacidade de Jesus, porém, ao sairmos para o campo com essa mentalidade, com certeza testemunharemos muitos milagres, assim como aconteceu com aqueles discípulos: Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! (Lc 10.17). Eu mesmo fiz isso no início do meu ministério. Saía com alguns discípulos de casa em casa, orávamos pelas pessoas e testemunhamos curas e libertações. Reuníamos grandes grupos em casas, porém, não sabíamos trabalhar corretamente essas situações. Eu achava que iria apenas pregar e ensinar, mas tive de orar por enfermos, expulsar demônios etc., que era a real condição e necessidade daquelas pessoas. Portanto, se tivermos essa mentalidade e agirmos no dom, na graça, na unção, na capacidade de cada um, Deus vai alcançar as multidões por nosso intermédio. Em seguida, Jesus deu aos discípulos outras orientações que expressavam a necessidade da dependência em Deus: "Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento." (vs. 9,10). Hoje, talvez, não tenhamos essa mesma necessidade de sair e depender de outras pessoas para nos suprir em suas casas, pois não permaneceremos lá, porém, precisamos depender de Deus da mesma forma. Se fizermos tudo o que Ele nos mandar fazer, se orarmos e sairmos, a dependência nele será a chave para realizarmos suas obras. Quando encontramos resistências e dificuldades, nossa tendência é desanimar e parar, pois temos uma mentalidade muito pragmática do “dar certo”: se dá certo, continuamos; se não dá, paramos. Isso é depender de resultados, e não de Deus – e daí a importância e a necessidade da dependência no Senhor.

Por fim, chegamos à questão das casas dignas:

"E, em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e aí ficai até vos retirardes. Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz." (vs.11-13).

A questão aqui não é indagar quem é digno ou não, mas procurar casas que vão nos receber, e ali investirmos: orar, curar, libertar, pregar, ensinar, convidar familiares e amigos, fazer daqueles lugares pontos de referência para expandir o reino de Deus naquela região. Esse é o evangelho a que estamos sendo desafiados e que nos tira da nossa zona de conforto. É para isso que fomos chamados, é assim que Jesus fez. É claro que não nos resumimos a isso, pois temos muitas outras coisas que precisam ser feitas. É verdade que as multidões podem ser alcançadas de inúmeras formas, porém, o contato, o relacionamento, a sensibilidade, a oração não podem ser descartados, seja na evangelização, no discipulado ou no cuidado pastoral.

Precisamos refletir e agir mais em cima dessas coisas, pois, se não tivermos essa prática e mentalidade, não conseguiremos alcançar a plenitude do que Deus quer para nós. Talvez tenhamos nos acostumado igrejas de reuniões, o que é importante, mas não podemos nos limitar a isso. Na estratégia missionária de Jesus nós vemos, interpretamos, oramos e agimos. Amém!



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