Nós começamos este ano enfatizando a importância de termos um só coração, uma só mente e um só propósito. Formamos uma frase utilizando os textos de Romanos 15.5, Jeremias 32.39, Filipenses 2.2 e 1 Coríntios 1.10: “Eu lhes darei um só coração, uma só mente, um só propósito, a fim de que me amem com amor reverente para sempre, para o seu bem e o bem de seus filhos no futuro e sejam unânimes em tudo segundo Cristo.”
Hoje vamos participar da Ceia e, ao fazê-lo, estamos comendo de alguém que deu a sua própria vida por nós para termos um só coração, uma só mente e um só coração com o Pai. No entanto, nunca alcançaremos esse objetivo se também não entregarmos nossas vidas para esse propósito.
Às vezes, criamos a ilusão de que a igreja deve ser um lugar agradável, “fofinho”, que deve me satisfazer. Isso é um erro, porque Jesus morreu cravado e moído numa cruz para satisfazer ao Pai – e isso não foi nada agradável. Ele não fez a sua própria vontade, não andou segundo seus próprios caminhos ou pensamentos, mas se importou em fazer a vontade do Pai. Da mesma forma, quando eu e você nos aplicamos em fazer a vontade de Deus estamos trabalhando para construirmos um futuro para os nossos filhos.
Falando diretamente aos homens, quando não nos aplicamos como pais, como chefes de família para fazer a vontade de Deus, ou quando não nos aplicamos em sermos UM com os irmãos e os líderes na congregação que frequentamos, estamos colocando o futuro da nossa própria família em risco, pois não estamos vivendo com “um só coração” e nos negando a andar nos mesmos passos de Jesus.
Portanto, a igreja não é um lugar onde iremos nos sentir 100% bem, onde tudo é belo e funciona perfeitamente. Não! A igreja é um lugar onde somos apertados, espremidos, moídos, corrigidos, exortados. Ou será que na sua família natural tudo funciona 100%, ninguém lhe aperta ou corrige? Numa família sempre há erros, exortações e correções uns aos outros.
Jesus falou sobre dois tipos de homens: o prudente e o insensato. Este preferiu um caminho mais fácil, escolheu construir sua vida na areia, pois é mais fácil, exige menos esforço e é muito mais rápido. No entanto, Jesus disse que quando viessem as tribulações esta casa iria cair, pois ela não tinha solidez, fundamento. O dia mal virá com certeza e, por isso, ele exortou seus discípulos a construírem suas casas (vidas) na rocha. É difícil cavar em terrenos rochosos. É algo que demanda muito esforço, sacrifício e tempo; porém, é que precisamos fazer.
Ter um só coração, uma só mente e um só propósito é o plano de Deus para o seu povo. Quando lemos o texto de Jeremias 32.39, vemos que o profeta está falando de recebermos e praticarmos uma só aliança (mente, coração, caminho). Hoje estamos sendo desafiados pelo Senhor a comer de um homem que deu tudo por nós.
Jesus disse em certa ocasião: “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10.30). O que aconteceu no coração das pessoas que o ouviram dizer isso? “Então os judeus pegaram outra vez em pedras para apedrejá-lo.”(v.31). Elas ficaram iradas contra Jesus, pois lhes pareceu uma loucura: “Como ele pode dizer que é um com Deus?” Realmente, quando falamos em “ser um” isso soa como uma loucura para as pessoas e o inferno treme, se enfurece, se abala. Portanto, ser UM é algo que abala o inferno, que abala as potestades e que afasta as pessoas de nós. Porém, para sermos UM precisamos passar pela cruz, pois é ela que nos liberta do nosso “eu”. Alguns dizem: “Ah, mas eu não penso assim, não entendo assim!” Para esses está faltando CRUZ.
O diabo queria matar Jesus de toda maneira. Quando ele soube que os magos do Oriente tinham ido visitar o menino recém-nascido, instigou o rei Herodes a matar todas as crianças nascidas de dois anos para baixo. Com Moisés foi a mesma coisa: ele usou Faraó para tentar matar o menino que seria o libertador do povo. Durante todo o ministério de Jesus na Terra, Satanás trabalhou para isso. Porém, ele nunca quis que Jesus fosse para a cruz e, por isso, tentou matá-lo antes. Ele levantou os fariseus para apedrejar Jesus, para empurrá-lo de cima de um monte, pois se conseguisse isso sairia vitorioso.
Não posso fazer coisa alguma por mim mesmo; conforme ouço, assim julgo; e o meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. (Jo 5.30)
Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra. (Jo 4.34)
Este era o alimento, a comida e bebida de Jesus: fazer a vontade do Pai, aquele que o havia enviado para a Terra, para nós.
Contudo, foi da vontade do SENHOR esmagá-lo e fazê-lo sofrer; apesar de ter sido dado como oferta pelo pecado, ele verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. (Is 53.10)
A vontade de Deus era que Jesus fosse crucificado. O diabo, no entanto, lutou continuamente para que isso não acontecesse. É para esta mesma cruz que Jesus nos convida hoje, pois é desta forma que a vontade de Deus se concretizará em nossas vidas. A nossa verdadeira vontade deve ser a mesma de Jesus: agradar ao Pai, fazer toda a sua vontade.
Na Ceia, nós comemos a vontade de Deus, comemos de alguém que deu a sua vida para agradar ao Pai. Nós fomos chamados para nos assemelharmos a Cristo, não só na sua morte como também na sua ressurreição. Porém, para ressuscitar, precisamos morrer para a nossa vontade, para o nosso ego. Às vezes nos apegamos às coisas que cremos ou gostamos e não nos preocupamos se estamos agradando ou não a Deus. Jesus, porém, teve uma atitude oposta a essa:
Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens. Assim, na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.5-8)
Ele se esvaziou de si mesmo, deu a sua vida por nós para que fossemos recebidos como filhos amados de Deus. “Quem de mim se alimenta, também viverá por mim.” (Jo 6.37).
Congregar com os irmãos não é uma tarefa fácil. Participar das diversas atividades da igreja é, muitas vezes, algo trabalhoso e que exige sacrifícios da nossa parte, mas é o mínimo que podemos fazer para estarmos juntos e negarmos a nós mesmos. Por exemplo, qual o seu motivo para não participar das Torres de Oração? Qual o seu motivo para nunca ter vindo orar às 5h30 da manhã? Olhe para Deus e responda isso para ele! Será que é por que você não tem vontade? Ou por que acredita que isso não é necessário? Se for isso, então você precisa ir para a cruz!
Jesus disse que “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt 24.35), porém, há uma outra coisa que também nunca irá passar ou acabar: o nosso sacerdócio. Todos os ministérios irão acabar, mas o ministério sacerdotal nunca terminará. Em Apocalipse, lemos que neste exato momento todos estão adorando continuamente a Deus:
Logo que pegou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. E cantavam um cântico novo, dizendo: Tu és digno de tomar o livro e de abrir seus selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação; e os constituíste reino e sacerdotes para nosso Deus; e assim reinarão sobre a terra. Então olhei e também ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono e dos seres viventes e dos anciãos cujo número era de milhares de milhares e de milhões de milhões. Eles proclamavam em alta voz: O Cordeiro que foi morto é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor. Também ouvi todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra, no mar e tudo que neles existe, dizerem: Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos! E os quatro seres viventes diziam: Amém. Os anciãos também se prostraram e adoraram. (Ap 5.8-14)
Isto é oração, adoração, intercessão contínua diante do trono de Deus – e é algo que jamais irá acabar. Começamos a praticar hoje na Terra e continuaremos fazendo-o por toda a eternidade. Às vezes eu vejo irmãos cantando para Deus com os braços cruzados, mãos nos bolsos, indiferentes. Ora, será que é para Deus ou para si mesmos que estão cantando? Se não louvam de coração ou se não obedecem ao que a canção está dizendo, estão apenas pensando em suas próprias vontades e não na vontade de Deus. Portanto, precisam morrer para si mesmos, precisam ir para a cruz!
Na celebração da Ceia comemos de alguém que morreu, que deu a sua vida para que eu e você tivéssemos vida. Eu tenho uma família que serve a Deus, porque Jesus morreu na cruz por mim. Nunca fui capaz de tratar a minha esposa e filhas por mim mesmo; isso sempre foi pela dádiva, misericórdia, bondade e amor de Deus por mim e por elas. Nunca foi por minha causa, mas por causa dele, da vontade dele e, por isso, tudo o que eu sou e faço precisa ser para ele.
Se entendermos apenas um pouco o que significa a graça, a bondade, o amor e o sacrifício de Jesus por nós, isso mudará completamente as nossas vidas. Eu não me encontrei com Jesus apenas há 35 anos, mas tenho me encontrado diariamente com ele. E assim precisa acontecer com você também, pois, uma vez que o conhecemos, nossa vontade será vê-lo todos os dias e conhecê-lo cada vez mais.
Quando comemos o pão, tomamos o cálice, congregamos, adoramos e oramos juntos, experimentamos um pouquinho de Jesus. Só iremos experimentar da plenitude dessa presença quando ele voltar. Mas, enquanto isso não acontecer, vamos congregar, orar, adorar, comungar com os irmãos, pois esta é a vontade do Pai – que tenhamos um só coração, uma só mente, um só propósito.
Você não precisa falar ou pensar exatamente igual a mim, mas temos de ter a mesma linguagem espiritual. Você não precisa entender a Bíblia como eu entendo, mas precisamos crer e praticar nessa mesma Palavra. Se não for assim a glória de Deus não se manifestará em nosso meio. Podemos e devemos, sim, ter “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”. Jesus pagou um alto preço para isso – sua vontade e sua vida. Será que estamos dispostos a pagar esse mesmo preço de sermos UM, de andarmos nos mesmos passos de Jesus? Se fizermos isso, com certeza passaremos pela cruz, mas também iremos ressuscitar com ele.
Quero lhe convidar a comer do mesmo pão e beber do mesmo cálice de Jesus, pois o desejo dele é que façamos como ele fez e, com isso, nos tornarmos UM com ele. Foi exatamente isso que Jesus orou ao Pai:
E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que virão a crer em mim pela palavra deles, para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, assim como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que eles sejam levados à plena unidade, a fim de que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, assim como me amaste. (Jo 17.20-23)
Deus vai responder essa oração! Ele quer ter um só povo com um só coração, mente e propósito. Ele quer e vai fazer de nós um só Corpo que é UM com ele. Amém!
Transcrição e Edição: Luiz Roberto Cascaldi
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