top of page
Foto do escritorCarlos Sá

Os requisitos do pastoreio


“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” (1ª Coríntios 4.1-2). O que se espera de nós, pastores… Seja o nosso correto senso de responsabilidade, seja nosso honesto desejo de agradar ao Senhor, sejam nossas cobranças pessoais indevidas, sejam as comparações que fazemos com outros pastores e ministérios que julgamos de sucesso, ou ainda as expectativas que as ovelhas têm para conosco, tudo isso pode nos levar a estabelecer exigências que nunca estaremos aptos para atender. Estaremos sempre buscando atingir um nível de excelência e eficiência que talvez Deus não exija de nós. Sabemos que em Corinto, pelo exposto na primeira carta, havia irmãos que escolhiam a que apóstolo seguir, certamente fazendo comparações entre eles, de acordo com os diversos critérios – A oratória de Apolo? Os dons carismáticos? A idade? Ter estado com o Senhor como Pedro esteve? Participação na origem daquela igreja como era o caso de Paulo? Ou até mesmo ter que ser o Apóstolo dos apóstolos, no caso dos que escolhiam a Cristo? - O fato é que as escolhas certamente partiam das qualidades que cada um possuía. Na segunda carta, encontramos Paulo precisando confrontar aqueles que estavam rejeitando seu apostolado. Desde o início da carta, Paulo faz uma oposição entre aquilo que é visível e aquilo que é invisível. Em 10.7 ele chega a perguntar: “Vocês olham para as coisas segundo a aparência?”. Confirmando essa tendência dos coríntios em valorizar algum tipo de impacto pessoal daqueles que lhes comunicavam a Palavra, em 10.10 Paulo diz com clareza qual é a “acusação” dos opositores: “...a presença física (de Paulo) é fraca e a palavra é desprezível”. (Antes de continuar, preciso externar minha estranheza com esta observação sobre Paulo. Não é este Paulo, o apóstolo modelo desde a minha infância, que levantou vivo o menino caído da janela do terceiro andar, que nada sentiu ao ser mordido pela cobra venenosa, que falava não com palavras de sabedoria humana, mas “com demonstração de Espírito e de poder” etc. etc. etc.? Era este o homem de presença fraca? Ou será que aqueles coríntios tinham um padrão de apostolado que tocava nas nuvens? Ou será que esse padrão era puramente carnal baseado em oratória? Ou pode ser que esse meu herói Paulo era mais parecido comigo do que eu penso. Por favor, ajudem-me a entender.) Estamos, portanto, diante da questão do tipo de obreiros que somos. Mesmo que não tenhamos perto de nós irmãos como os coríntios, cobrando desempenhos e resultados que vão além das nossas capacidades, temos o que foi colocado no primeiro parágrafo: nossas próprias cobranças e comparações, justificadas ou não. Duas passagens nas cartas aos coríntios podem nos ajudar nisso: 1. “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” (2ª Coríntios 4.1.2). A primeira está em estes dois versículos que iniciam o capítulo 4 vêm logo depois da questão da divisão e das escolhas a quem cada um segue, apresentada no capítulo 3. Diante das qualidades de cada “herói”, Paulo diz o que é que importa e o que se requer de cada um. Apliquemos a nós, como pastores. No final das contas, o que importa? E o que é requerido de nós? a. O que importa é que sejamos considerados como ministros de Cristo. As palavras ministro e ministério, sabemos, tomou um sentido atual que não corresponde ao original. Várias palavras na Bíblia são traduzidas como ministro. Cada um sabe disso e pode pesquisar sozinho. Esta que aparece aqui é uma que significa simplesmente “criado”. Um “servo que auxilia”. Também pode se referir a um remador de baixa categoria, aquele que, no navio, ficava na parte de baixo do navio, recebendo toda a sujeira que vinha de cima. Esse remador não aparece, ele apenas ajuda que o navio siga em frente. Então, finalmente, o que importa é que quem me vê veja um servo. b. Que sejamos despenseiros dos mistérios de Deus. O despenseiro é um administrador de uma casa. Ele não é o dono. Ele faz o que o dono manda. Então, finalmente, o que importa é que quem me vê veja um administrador do que é de outro, no caso, Deus. c. E o que se requer de nós? Paulo diz que o que se requer de nós é que sejamos fiéis. Quero desenvolver um pouco esse assunto, pois me parece que aqui temos uma colaboração muito boa para entender nossa postura diante das cobranças e comparações. O que se requer de alguém que administra a casa de outro é que seja uma pessoa fiel. Uma pessoa fiel é uma pessoa de caráter confiável, honesto e verdadeiro. Alguém que é fiel a outro não necessariamente é alguém de caráter fiel. Um bandido pode ser fiel a outro bandido e nem por isso tem um caráter fiel, confiável, honesto e verdadeiro, ao contrário. Um homem fiel ao seu sócio na empresa, mas adúltero, não é um homem de caráter fiel. Um cântico cristão clássico diz no seu coro: “Tu és fiel, Senhor... Fiel a mim”. Na verdade Deus não é fiel a mim. Ele é fiel. Inclusive, se nós formos infiéis, isto é, não confiáveis, desonestos e mentirosos, Ele permanece confiável, honesto e verdadeiro, de acordo com o que está escrito em 2ª Timóteo 2.13: “…se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.” Um administrador precisa ser alguém confiável, honesto e verdadeiro. Ele não precisa ser um especialista em finanças, mestre e doutor em administração, ter experiência como “CEO” de uma multinacional. Basta que ele seja confiável, honesto e verdadeiro. É o que Paulo diz. É isso que se requer de um pastor: que seja confiável, honesto e verdadeiro. Mas vamos além na no entendimento dessa palavra. A mesma palavra é traduzida também como “crente” em Gálatas 3.9 (o crente Abraão), 2ª Coríntios 6.15 (união do crente com o incrédulo), Atos 16.1 (Timóteo é filho de uma judia crente) e João 20.27 (Jesus diz que Tomé não seja incrédulo, mas crente), entre outros. Em qualquer destes textos se pode trocar a palavra “crente” pela palavra fiel, sem alteração do sentido original. Isso porque a palavra fidelidade tem suas raízes históricas e sua significação originária na religião. Hoje não se prende mais exclusivamente a essa significação, mas ainda é válida. A própria palavra fidelidade vem do latim fidelitas, vocábulo oriundo do substantivo fides. A palavra fides designava, nos primórdios da língua latina, a "adesão (do devoto aos preceitos de sua religião)". Fides em latim significa fé. Daí, entre os “solas” da reforma, temos “Sola Fide”, só a fé. A palavra grega que estamos analisando é o adjetivo “πιστὸς / pistos” (fiel, crente). Daí podemos compreender por que ao traduzir o substantivo grego “πίστις / pistis” em Gálatas 5.22 na descrição do fruto do Espírito, algumas versões colocam “fé” e outras “fidelidade”. O substantivo “πίστις / pistis” (fé, fidelidade) tem a mesma raiz do adjetivo “πιστὸς / pistos” (fiel, crente). No inglês não precisamos de toda essa explicação. Fiel em inglês é “faithful”. Faithful é alguém “Full of faith” (cheio de fé). Entre os muçulmanos os que não são da fé islâmica são chamados “infiéis”. Mas em português também, como a origem da palavra fiel e fidelidade é do latim “fides” (fé), o sentido é o mesmo. Podemos verificar tal afirmação ao ler no final de documentos lavrados em cartório, no qual o escrivão escreve: “… (o que está escrito acima) … é verdade e dou ”. Ele está dizendo que aquilo é confiável, honesto e verdadeiro. Mas minha intenção com essas explicações é somente para compreendermos a afirmação de que basta ao pastor (o despenseiro dos mistérios de Deus) ser crente. O que se requer de um pastor é que ele seja crente. Essa afirmação nos ajuda em dois sentidos. Um que nos alivia e outro que nos compromete. a. O sentido que nos alivia: “Não tenho que ser um super pastor” Repetindo um parágrafo que coloquei um pouco antes, trocando a palavra administrador por pastor e algumas outras: Um pastor precisa ser alguém confiável, honesto e verdadeiro. Ele não precisa ser um especialista em crescimento de igreja, mestre e doutor em teologia, ter experiência como “sênior” de uma mega igreja, nem ser o maior carismático da cidade. Basta que ele seja confiável, honesto e verdadeiro. É o que Paulo diz. É isso que se requer de um pastor: que seja crente. Até meu herói Paulo foi desprezado como um fraco e de pouco sucesso. O que será de mim?!! Por amor aos coríntios e para não faltar com a verdade, precisou alegar várias das suas credenciais apostólicas, no que em algum momento disse que falava como fora de si. Mas, pensando em mim (acho), que não tenho tantas credenciais, deixou escrito: basta que sejamos crentes. Se formos crentes, a graça pastoral agirá produzindo o fruto que tiver que produzir. Basta que sejamos crentes, isto é, basta que sejamos nascidos de novo, que nos mantenhamos cheios do Espírito Santo, que oremos, que leiamos as Escrituras, que andemos em comunhão com os santos, que andemos na luz, que perdoemos quando somos ofendidos, que não falemos mal dos irmãos, que confessemos nossos pecados, que sejamos financeiramente honestos, que atendamos os necessitados e pobres, que sejamos liberais e generosos, que sejamos trabalhadores responsáveis e esforçados no nosso serviço (no caso, o serviço pastoral) etc. Coisa que todos os crentes são e fazem. E sendo assim, vamos ser modelo para os crentes, como diz Paulo para Timóteo (1ª Timóteo 4.12). Que alívio não carregar o peso de ser um homem de sucesso, um super pastor. Ter que carregar a cobrança das comparações. O que se requer de mim é que eu seja crente. E isso não é pouca coisa! Desejo que este sentido que alivia esteja servindo para aliviar alguns que ainda carregam nas costas uma cobrança que Deus não colocou. Que o Espírito Santo lhe conceda esse alívio. Que você tenha a leveza e a alegria de ser um crente que pastoreia, que exerce um serviço específico de remar o barco para que outros cheguem ao destino. b. O sentido que nos compromete: “Ser pastor não me libera de ser crente” No mundo do poder governamental costuma-se dizer que os políticos que chegam em determinada posição sentem-se acima da lei. Na igreja acontece o mesmo muitas vezes. Há líderes que acham que porque foram colocados em liderança estão livre para viver como querem. Na verdade, são hipócritas, que mandam os outros fazerem, mas se sentem liberados para não praticarem. O Senhor Jesus teve que enfrentar gente assim: “Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los” (Mateus 23.4). Por isso encontramos nas lideranças comportamentos que os desqualificam: coisas que desqualificariam qualquer um. Todos conhecemos na história da igreja, tanto na igreja católica, quanto nas históricas que dela saíram, quanto nas modernas saídas destas ou saídas do nada, lideranças cujo estilo de vida em nada corresponde a um crente “comum”. Quanta politicagem, quanta luta por poder, quanto enriquecimento ilícito ou até lícito, quanta briga, divisão e rixas, quanta mentira, quanta indecência e impureza…! E continuavam sendo “pastores” do rebanho que deveria ser honesto, perdoar, ter uma vida simples, falar a verdade, enfim, não fazer nada do que fazem seus pastores. Quantos pastores que deixaram de ser pastores para serem administradores de igreja, mas que pedem que suas ovelhas cuidem uns dos outros. Quantos pastores que não evangelizam há muito tempo, mas pedem que suas ovelhas preguem o Evangelho. Quantos pastores que não oram, mas mandam suas ovelhas orarem. Quantos pastores que não entregam o dízimo, nem ofertas, nem ajudam outras pessoas, mas ordenam que suas ovelhas façam isso. Quantos pastores cheios de amargura, divididos de outros pastores na cidade, mas que obrigam suas ovelhas a se perdoarem. Quantos pastores condenam práticas homossexuais dos seus púlpitos, mas estão entregues à pornografia e são maridos de mulheres infelizes, quando não as deixaram e já estão em segundo e terceiro casamentos. Quantos pastores que não têm uma vida de “crente”, mas ensinam que suas ovelhas o sejam. Deixaram de ser “crentes”. Novamente repetindo um parágrafo: Basta que sejamos crentes, isto é, basta que sejamos nascidos de novo, que nos mantenhamos cheios do Espírito Santo, que oremos, que leiamos as Escrituras, que andemos em comunhão com os santos, que andemos na luz, que perdoemos quando somos ofendidos, que não falemos mal dos irmãos, que confessemos nossos pecados, que sejamos financeiramente honestos, que atendamos os necessitados e pobres, que sejamos liberais e generosos, que sejamos trabalhadores responsáveis e esforçados no nosso serviço (no caso, o serviço pastoral) etc. Coisa que todos os crentes são e fazem. E sendo assim, vamos ser modelo para os crentes, como diz Paulo para Timóteo (1ª Timóteo 4.12). Ser pastor pode se tornar na vida de alguns como um Corbã moderno: “O que eu deveria ser e fazer como crente é Corbã; estou liberado de fazer porque sou pastor”. O que se requer de mim é que eu seja crente. E isso não é pouca coisa! Desejo que este sentido que compromete esteja servindo para levar ao arrependimento alguns que começaram a transigir com a seriedade e simplicidade da fé, da santidade e do amor. Ou até alguém que mais do que começou, já se entregou a uma hipocrisia farisaica maligna e deletéria `à fé inocente daqueles que estão mais perto e começam a ver o que acontece nos bastidores (Ezequiel 8.1-12). Que o Espírito Santo lhe conceda esse arrependimento enquanto é tempo. Busque irmãos que sejam sérios com Deus e confessa teu pecado. Você é um crente. Um filho amado de Deus. Não um profissional do sucesso, um animador de auditório, um artista da fé. Que você recupere a leveza e a alegria de ser um crente que pastoreia, que exerce um serviço específico de remar o barco para que outros cheguem ao destino. 2. “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.” (2ª Coríntios 2.14-17). A segunda passagem que eu falei está em 2ª Coríntios 2.14-17. Paulo faz uma afirmação muito ousada, como, aliás, ele o faz outras vezes na segunda carta aos coríntios. Em alguns momentos ele parece prepotente, mas ele está sempre afirmando que a capacidade dele vem de Deus. Aqui a afirmação ousada é que não importava que ele tivesse que deixar de aproveitar uma “porta aberta” para a pregação do Evangelho em Trôade e ir para a Macedônia em busca de Tito (2.12,13), pois em Cristo Deus sempre o conduzia em triunfo e, por meio dele, manifestava em todo lugar a fragrância do conhecimento divino. E acrescentou: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida.” Que fé, que ousadia, que certeza! “Sou cheiroso e meu cheiro é o de Cristo. E onde eu passo, esse perfume impregna em todos. Uns ao cheirarem meu cheiro, morrem, funciona como gás mortífero; outros, vivem, funciona como elixir de vida eterna.” (Desculpem-me que eu tenha me empolgado na paráfrase). Acho que Paulo percebe o nível para o qual ele nos levou e pergunta no final do versículo 16: “Quem é suficiente para estas coisas?” Quem é capaz de ser esse distribuidor do perfume de Cristo, do conhecimento de Deus? Voltamos ao tema deste texto, tratado na questão: o que se requer do pastor? Quem é capaz? Qual a minha capacidade, qual a minha suficiência? É interessante que Paulo segue escrevendo depois da pergunta que questiona suficiência, e não fala de capacidade ou incapacidade pessoal. Isso está resolvido em toda a segunda carta ao Coríntios, como em 3.4,5 (“a nossa suficiência vem de Deus”). O que ele escreve tem a ver com temor de Deus e honestidade.


“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.”

O que desqualifica a liderança na igreja não é a incapacidade pessoal, mas a desonestidade de não praticar as coisas básicas da fé que esta mesma liderança exige e ensina aos outros.

“O que mercadeja” algo é o vendedor ambulante. É o que compra no atacado e vende no varejo. É o que ganha dinheiro e tira proveito e lucro como resultado desse negócio. Isso não é necessariamente errado. Há o vendedor desonesto, mas nem todos são. Mas o Evangelho não é mercadoria, não se presta a compra e venda, não pode servir para lucro. Não pode ser comprado no atacado e retalhado para ser vendido no varejo. Com o Evangelho não se pode guardar os produtos bons para os clientes preferidos, nem colocar os ruins mais embaixo na lata, escondidos sob os bons, nem ficar com a melhor parte para eu mesmo e minha família.

Não há como espalhar o cheiro de Cristo se meu ensino e pregação visam o aplauso das pessoas. Se quero apenas a estética da oratória, a beleza dos pensamentos devidamente sequenciados. Se quero impressionar com descobertas de verdades que ninguém antes tinha visto. Se quero, com isso, receber lucro em forma de dinheiro, reconhecimento ou poder. Se preciso inventar “orações que Deus responde”, correntes que não falham, sempre oferecendo resultados que não se sabe se Deus está oferecendo. Se meus esboços de mensagens são frios, produzidos tecnicamente para bater ponto nos cultos, sem serem feitos em oração (“na presença de Deus”), sem lágrimas, sem desejo real de ver as vidas edificadas e transformadas, sem compromisso com a prática pessoal. Se meu ensino é resultado de estudo intelectual para passar a outros, e não de um relacionamento pessoal com as Escrituras. Mais uma vez, não há complicação nas coisas de Deus:

O que se exige de nós é apenas que sejamos fiéis e apenas que falemos a palavra "em Cristo, na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus". Isso é temor de Deus e honestidade.

A presença de Deus traz temor. O que falo, o que ensino, o que reparto, é na presença de Deus. É “em Cristo”. Posso falar o que eu quero, do jeito que quero? Posso ser falso, hipócrita, leviano, interesseiro? Não somente prestarei contas no dia do juízo, mas já há uma presença de Deus no meu serviço com a Palavra que me traz temor. Que me leva a ser sincero, honesto.

E mais: é da parte do próprio Deus.

Não posso falar o que quero.

Preciso ser alguém que fala o que Deus fala.

O que me faz levar o cheiro de Cristo para os outros é a “presença” de Deus, e não a minha capacidade ministerial. Quando ando junto de uma pessoa, pego o cheiro dela. Minha tarefa não é sair distribuindo o perfume “divino” para ser o “vendedor do mês”. Minha tarefa é a falar na presença de Deus, o que ele fala, como sinceridade. Esses dois textos nos simplificam o serviço pastoral e nos comprometem com a seriedade da minha vida particular com Deus.

É a leveza e a seriedade de ser um filho de Deus que foi colocado, junto com outros, para servir os outros filhos de Deus. Para remar com toda força que tenho, escondido no porão do navio, sem ser visto, para que os outros cheguem ao destino.

Por Carlos Sá




266 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page