O que estamos pensando e planejando para este ano de 2021?
Nosso primeiro alvo deve ser fazer discípulos. Essa foi a última ordem que o Senhor Jesus nos deu, então não podemos fazer qualquer outra coisa que ofusque esse objetivo.
Pensando na expansão da Igreja, devemos trabalhar na formação de uma nova liderança, e isso só é possível se estabelecermos um discipulado efetivo e sistemático que ajude as pessoas a terem uma vida de santidade e frutificarem. Iremos entender que alcançamos este alvo quando essas pessoas tiverem uma vida de devoção a Deus e estiverem cuidando de outros.
Assim, que possamos chegar ao final de 2021 dizendo: “Deus me deu tantos discípulos, e esses estão cuidando de outros discípulos”. Este é o nosso alvo de expansão; as congregações precisam crescer – não para que o nosso nome seja celebre, mas porque a Igreja deve alcançar todas as ruas, bairros, vilas, cidades ao redor de onde moramos. É isso que Deus quer! Ele nos mandou anunciar o evangelho aonde ele ainda não foi anunciado. Nossa casa deve ser uma base missionária não somente para outros continentes, mas também para nossos vizinhos.
Em Isaías 54, lemos: “Canta alegremente, ó estéril que não deste à luz! Exulta de prazer com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto! Porque mais são os filhos da solitária do que os filhos da casada, diz o Senhor.” (v. 1)
Essa é uma ordem do Senhor, uma palavra de direção para aquela mulher que não deu à luz. Nós temos em nossas congregações pessoas que nunca geraram vidas para o Senhor e temos de estimulá-las a isso, profetizar sobre elas para que Deus cure seus ventres, pois o texto diz que “mais são os filhos da solitária do que os filhos da casada”. Precisamos orar por essas pessoas e não aceitar sua esterilidade como algo normal, comum, porque não gerar filhos é uma doença espiritual.
Após essa cura, o Senhor diz: “Amplia o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque trasbordarás à mão direita e à esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.” (vs. 2,3)
Quando começamos a ampliar nossa tenda, nossa congregação, estamos dando um passo de fé porque cremos na cura do Senhor. Com isso, criamos uma estrutura para amparar e cuidar daqueles que virão. Quanto virão? Não sabemos, mas a vontade de Deus é que nenhum se perca e precisamos trabalhar de todo o coração nesse sentido. “Não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas”. Não podemos impedir o crescimento, e por isso devemos alongar as cordas – isso fala de relacionamentos, de comunhão. Nessa comunhão, o Senhor ordena a benção e a vida (Sl 133). Onde houver isso haverá fertilidade. Quando o rio Jordão sofria enchentes, suas águas transbordavam para as margens e os lavradores as aguardavam abaixarem para plantar naqueles lugares. Eram lugares férteis que davam muitos frutos. Essa deve ser a nossa visão: um santo ajudando o outro, criando um ambiente de fertilidade e transbordamento (v. 3).
Eu anotei alguns textos no livro de Atos que falam sobre o crescimento da Igreja. No capítulo 11, que fala dos primórdios dessa expansão, alguns textos nos revelam os sinais de saúde que produzem crescimento. Nos versos 19 a 26, lemos que os discípulos pregavam o evangelho do Reino de Deus (Jesus Cristo é o Senhor sobre todas as coisas). Barnabé viu a graça de Deus que estava sobre o povo, pois, mesmo não tendo capacidade, eles faziam a obra devido a essa graça em suas vidas.
O verso 24 diz que Barnabé era um homem bom e cheio de fé, e por isso muita gente se uniu ao Senhor. Então, as características da liderança são determinantes para a congregação. Uma liderança boa no sentido de generosidade, de entrega, de coração aberto e hospitaleiro, cheia do Espírito Santo cria condições para o crescimento. Deus vai usar aquilo que nós somos, as nossas características para fazer a Igreja crescer. Juntando as características de Barnabé, a graça operando nos irmãos e o evangelho do Reino sendo pregado, o resultado foi a igreja descrita em Atos 13: crescimento, ministérios, apóstolos e profetas, uma base missionária.
Outro texto é Atos 2.42-47: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”
Esses quatro pilares da Igreja dependem de nós, e não de Deus. Nós é que temos de permanecer na doutrina dos apóstolos e trabalhar para que seja uma prática em nosso meio. Sobre a comunhão, se os presbíteros e diáconos não tiverem uma vida de relacionamentos também não haverá isso na vida da igreja. O irmão Tito, ministrando recentemente em Cascavel-PR, citou o texto de 2 Timóteo 4.7,8 para falar sobre as características de alguém que ama a vinda do Senhor Jesus: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
Ele citou também 1 Coríntios 11.26, que diz que devemos celebrar a Ceia do Senhor “até que ele venha”. Portanto, a comunhão dos santos aponta para a vinda de Jesus e prepara a Igreja para isso. Uma igreja que tem comunhão cria um ambiente receptivo onde as pessoas se sentem bem. O mundo é uma verdadeira selva, ninguém liga para ninguém. Então, quando uma pessoa chega em um ambiente onde todos se interessam por ela, não vai querer sair. Assim, devemos trabalhar na questão da comunhão entre os presbíteros, os diáconos, os líderes de grupos, os discípulos – e isso de forma agendada, programada. Infelizmente, nesse tempo de pandemia nos isolamos. Porém, não é vontade de Deus o isolamento. A Igreja não foi criada para ficar isolada. Mas e a questão do Covid? Falando em tom de brincadeira: você está com medo de morrer? Por quê? Tem algum perigo de você não chegar diante de Deus? Precisamos trabalhar para estar com os irmãos, portanto, vamos nos esforçar para mantermos contato, pois é na comunhão dos santos que está a benção do Senhor para nós. Quanto ao partir do pão, como podemos fazer isso virtualmente? Como posso dar o meu pão ao irmão? Eu estava comentando com alguns irmãos que a Igreja é VIRTUOSA, e não VIRTUAL. Então, que Deus nos ajude, nos dê estratégias (com cuidado e prudência) para fazermos o máximo que pudermos nesse sentido.
Quanto à oração, essa é a maior declaração de que somos dependentes de Deus. Quanto menos oração, mais independência do nosso coração para com Ele. A oração diz: “Eu preciso de Deus”. Aquela igreja andava no temor do Senhor (v. 43), não tinha apego às suas próprias coisas, partilhavam o que tinham com alegria e perseveravam nesses pilares louvando a Deus (vs. 44-47). Como consequência, “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (v. 47).
O que eu quero enfatizar é a que a vinda de pessoas para a Igreja depende da criação de um “ninho”, de um ambiente – e somos nós que devemos criar isso. Se você for fazer uma viagem longa e precisa deixar seus filhos com alguém, com certeza irá procurar um ambiente confortável, saudável para isso. Irá falar com alguns casais que hospedem, que cuidem. Ora, será que Deus é menos atencioso do que nós? Será que Ele vai mandar os novos salvos para qualquer ambiente? Deus está olhando para as nossas famílias e congregações buscando lugares onde Ele possa ‘ficar em paz’ em mandar suas ovelhas. O que vemos em Atos 2.42-47 é que havia um ambiente propício para o crescimento e edificação dos irmãos.
Deus sabia que naquela igreja as pessoas iriam cuidar bem umas das outros.
Um outro texto está em Atos 9.31: “Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo.”
Precisamos firmar bem as nossas estacas, colocar os sólidos fundamentos da vida de Deus nas pessoas, fazer com que elas amem, conheçam e ouçam ao Senhor. Isso fará com que andem no temor a Deus e na consolação do Espírito Santo e, como consequência, haverá um ambiente adequado para que cresçam em paz. Crescer em paz não significa deixar de ter problemas ou não sofrer ataques. Não! Aliás, em nenhum momento da história a Igreja deixou de sofrer retaliações, pois sua natureza é atacar o mundo e o pecado, anunciar o evangelho do Senhor Jesus, entrar no inferno para resgatar pessoas. A paz da Igreja provém de Deus, de uma vida de paz interior: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jo 16.33). Esta é a promessa de Deus: uma Igreja onde seus membros vivem em comunhão e têm paz interior. Para isso, elas precisam ser edificadas, precisam aprender a viver na consolação do Espírito Santo e no temor do Senhor. Isso irá criar um ambiente, um ninho onde o Espírito Santo dirá: “É para lá que eu vou enviar as ovelhas que irei salvar!”
Finalmente, lemos em Atos 16.4,5: “E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém, de sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número.”
Os discípulos eram diariamente confirmados na fé. Isso fala de confiança em Deus, de crer no Senhor Jesus de todo o coração, de uma Igreja que vê o invisível e caminha no sobrenatural. Precisamos, como presbíteros e diáconos, confiarmos em Deus e vivermos na fé, fazendo com que o povo aprenda a também viver dessa forma. Há inúmeras congregações que não praticam os dons espirituais. Muitos de nós temos uma teologia reformada, mas uma prática tradicional. Cremos nos dons, mas não damos espaço a eles. Ficamos apenas esperando que algum irmão na reunião se levante com algum dom, porém, essa é uma tarefa nossa, ensinar os irmãos a andar por fé. Nós é que temos de desafiar a congregação a praticar os dons; nós é que precisamos chegar nas reuniões e profetizar, trazer palavras de revelação, pois a promessa de Deus é que tudo isso vai acontecer quando nos reunirmos (1 Co 14.26; Ef 5.19). Nossas reuniões de presbitério, muitas vezes, parecem de executivos de uma empresa – e devemos mudar isso. Precisamos praticar os dons espirituais nessas reuniões para termos familiaridade ou hábito com os mesmos e, com isso, confirmar a fé dos irmãos. A operação dos dons abre os olhos da Igreja para o nível sobrenatural. Assim, quero estimular e desafiar cada um de nós para essa prática.
Por fim, outro texto que Deus tem falado ao meu coração é Hebreus 10: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne. […] Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (vs. 19, 20, 24, 25)
Eu creio que não existe nada que expresse mais o amor de Deus do que sermos usados nos dons espirituais para trazer revelação, cura, libertação e motivação na vida dos irmãos. Todos erramos; e isso não tem problema, pois somos autorizados a errar, e não a pecar, mas precisamos ser ousados para andar no sobrenatural. Os dons são a chave do sobrenatural para firmar a fé dos irmãos e estimulá-los ao amor e às boas obras. Portanto, precisamos mais do que nunca dos dons espirituais. A Igreja hoje precisa ser confirmada na fé em Jesus Cristo, fé na vida sobrenatural, fé na Palavra de Deus. Na palavra de Tito em Cascavel, que me referi anteriormente, ele comentou sobre a parábola das virgens néscias e sábias (Mt 25). Disse que o candeeiro tinha duas coisas fundamentais: a luz e o azeite. A luz é a Palavra de Deus e o azeite é o Espírito Santo. Portanto, nunca podemos nos descuidar dessas duas coisas, pois é isso que prova que amamos a volta do Senhor Jesus.
Jesus perguntou aos seus discípulos: “quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8). E disse também: “Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.” (Mt 24.45,46). Que sejamos esses que ele irá encontrar: pessoas alimentando outras com fé, com desafios do Senhor, com estímulos para andarem nas verdades da Palavra de Deus. O resultado disso tudo está em Atos 16.5: “Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número.” Lucas não está se referindo ao número de crentes, mas ao número de igrejas. As igrejas cresciam em número e se multiplicavam. Essa é uma promessa de Deus.
Que possamos criar este ambiente, este espaço a partir das nossas atitudes de fé, de confiança em Deus. Vamos gerar esse ambiente para que Deus traga as pessoas que Ele quer salvar. Que os discípulos de Jesus, as pessoas que cuidamos para o Senhor, possam trabalhar para formar outros discípulos, pois, se não o fizerem, nós falhamos redondamente, frustramos a expectativa do Senhor – e não queremos fazer isso! Que tenhamos esta atitude de fazer discípulos de todos que os que ganharmos para o Senhor. Amém!
Jamê Nobre
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