Por: Tito Isaías
Essa palavra veio ao meu coração em um momento de reflexão acerca do posicionamento que nós individualmente, como discípulos de Cristo, e coletivamente, como Corpo, precisamos tomar em relação à vinda do Senhor. Sobre esse assunto, alguns aspectos são essenciais e deveriam ocupar mais o nosso tempo nos dias de hoje. O Senhor Jesus com certeza brevemente voltará, ainda que não saibamos o dia exato. Esta certeza precisa ser conservada e proclamada por cada discípulo, pastor e congregação: o Senhor vem!
“Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada.” (2ª Pd 3.8-10).
“Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez.” (Ap 22.12).
A vinda de Cristo está ligada à nossa postura em relação ao arrependimento, à maneira como nos posicionamos diante desta vinda. Portanto, precisamos refletir seriamente sobre como o assunto arrependimento está concebido na minha vida como pastor e na congregação que ajudo a pastorear. Ao mesmo tempo que reafirmamos a verdade da sua vinda, devemos entender que “ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento”. Sim! Deus espera que nos alinhemos ao senhorio de Cristo!
“Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.” (2ª Tm 4.8).
O amor pela vinda de Jesus é o nosso maior desafio nesses dias. Precisamos aprender a amar e desejar essa vinda e desafiar a igreja a fazer o mesmo. Mas como podemos deduzir que um irmão ou um líder ama a vinda do Senhor? Existem algumas expressões práticas que denotam esse amor:
Andar de forma digna ao chamado (ser e fazer plenamente).
“Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério. Eu já estou sendo derramado como oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.” (2ª Tm 4.1-8).
Falando a Timóteo sobre o amor pela vinda do Senhor, Paulo descreve as atitudes que pautaram sua vida: “Eu cumpri plenamente o meu ministério; fiz a minha parte e espero que você faça o mesmo, pois é isso que irá comprovar o quanto você ama a vinda do Senhor.” Assim, amar a vinda de Cristo está intimamente ligado a quanto cada ministro está cumprindo plenamente o seu ministério. Paulo tinha certeza de ter feito isso e instruiu Timóteo a fazer o mesmo. Não era apenas um conselho de discipulador para discípulo, de pai para filho, mas também de um companheiro de ministério para outro.
Este é o nosso primeiro desafio e responsabilidade: ser plenos em nosso ministério. Muitos ministros estão simplesmente “levando a vida” e não são plenos em seu chamado. Com certeza, ao findar de suas vidas, não poderão afirmar como Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”. Também não poderão afirmar como Jesus: “Está consumado”.
Será que estamos, como ministros do Senhor, praticando em plenitude esse ministério que Ele nos confiou? Isso tem tudo a ver com a vinda de Jesus. Que o Espírito Santo nos ajude a enxergar esta verdade para que no último dia possamos dizer: “Naquilo que eu fui chamado para ser e fazer, eu cumpri plenamente!” Que o Senhor nos ajude a descobrir as características que descrevem a plenitude do chamado que Ele colocou em nossas vidas.
Muitas vezes, conversamos e estudamos cenários e eventos da volta do Senhor, mas isso não é mais importante do que amar sua vinda – e isso implica em estarmos conscientes da plenitude do nosso ministério. Pedro diz que o Senhor poderia voltar a qualquer momento, mas que está tendo paciência, pois quer dar a muitos mais a oportunidade de se arrependerem – não apenas os não crentes, mas também discípulos e ministros que ainda desconhecem a plenitude de seu chamado. Ora, se Jesus voltar hoje e esses ministros estiverem totalmente desalinhados ou desorientados quanto ao seu propósito de vida, quanto ao que devem ser e fazer, de que valerá tudo o que ouviram e conversaram sobre esta vinda? Com certeza, para nada! Portanto, em meu entendimento, a falta deste arrependimento pode atrasar a volta de Cristo – e por esse motivo ele está sendo paciente e estendendo mais o tempo de sua volta, pois deseja que os ministros atinjam a plenitude de seu ministério.
Os gregos relacionavam a plenitude à “excelência”. Alguém disse certa vez: “Se você se formar em medicina, ser excelente significa trabalhar exatamente nesta área. Porém, se for trabalhar em outra área não será excelente, pois fugiu do propósito para o qual se formou.” O processo de preparação e prática até o fim descreve a excelência, a plenitude do nosso ministério. Muitas vezes, nos desviamos desse propósito ao fazer coisas que nada têm a ver com o chamado e então ficamos desajustados e desorientados. Até entendermos isso e nos arrependermos, nós e nossas congregações já teremos sofrido muito.
Comunhão permanente entre irmãos.
“Pois recebi do Senhor o que também entreguei a vocês: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”. Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto sempre que o beberem em memória de mim”. Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Examine-se cada um a si mesmo e então coma do pão e beba do cálice. Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor come e bebe para sua própria condenação. Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram.” (1 Co 11.23-30).
A volta de Jesus está intimamente ligada à nossa comunhão como irmãos. É impossível falarmos sobre sua volta sem esta prática: “sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha”.
Os crentes de Corinto estavam vivendo de forma errada aos ensinos do evangelho, criando inúmeras divisões. Trazendo para um contexto atual, vemos muitos irmãos e pastores que só se importam com suas próprias vidas e não com os demais irmãos de suas congregações. Isso denota a falta de comunhão no Corpo. A vida de comunhão permanente na igreja está diretamente ligada à volta de Jesus, pois é um anúncio que fazemos desta volta (“até que ele venha”). Por esse motivo não podemos falar sobre sua volta enquanto estivermos desajustados uns com os outros.
Algo que me chama a atenção é o aparecimento de Moisés e Elias no monte da transfiguração para se encontrarem com Jesus (Mt 17.1-13). Alguém disse que Moisés representava a Lei e Elias, os profetas. Portanto, ali estavam os três principais líderes da História da humanidade – e a conversa era sobre a morte de Jesus! Talvez o que falta hoje é o representante de cada congregação se reunir com Jesus e conversar com ele sobre a morte – a sua própria e de sua congregação – para que Jesus reine mais, pois isso está diretamente ligado à sua volta. Essa morte não é literal, mas é o Senhor vivendo e reinando em plenitude nesses líderes e congregações. Como disse João Batista, “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Somente depois desta reunião e conversa com Jesus sobre nossa morte é que haverá sentido falarmos sobre sua volta.
Nossa tarefa é buscarmos no Senhor o entendimento da plenitude do ministério que Ele nos confiou, como também praticarmos a comunhão permanente com os irmãos. Fazendo isso como discípulos e pastores, estaremos anunciando “a morte do Senhor até que ele venha”.
O Espírito Santo e a Palavra (vivida e anunciada).
“O Reino dos céus será, pois, semelhante a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram para encontrar-se com o noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco eram prudentes. As insensatas pegaram suas candeias, mas não levaram óleo. As prudentes, porém, levaram óleo em vasilhas, junto com suas candeias. O noivo demorou a chegar, e todas ficaram com sono e adormeceram. À meia-noite, ouviu-se um grito: “O noivo se aproxima! Saiam para encontrá-lo!” Então todas as virgens acordaram e prepararam suas candeias. As insensatas disseram às prudentes: “Deem-nos um pouco do seu óleo, pois as nossas candeias estão se apagando”. Elas responderam: “Não, pois pode ser que não haja o suficiente para nós e para vocês. Vão comprar óleo para vocês”. E saindo elas para comprar o óleo, chegou o noivo. As virgens que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial. E a porta foi fechada. Mais tarde vieram também as outras e disseram: “Senhor! Senhor! Abra a porta para nós!” Mas ele respondeu: “A verdade é que não as conheço!” Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora!” (Mt 25.1-13).
Essa parábola fala sobre a nossa vigilância em relação à vinda do Senhor; o quanto devemos viver vigilantes como pessoas e igreja em preparação à esta vinda. As dez eram virgens, simbolizando “pureza”. Todas começaram puras, todas tinham candeias e azeite que produzia luz. Ou seja, havia uma conexão íntima e perfeita entre candeia (Corpo), azeite (Espírito) e luz (Palavra). Porém, com o decorrer do tempo algumas começaram a perder o azeite e o fogo começou a apagar. Isto é algo que devemos analisar: até que ponto nós e a congregação que o Senhor nos confiou está vivendo nesta perfeita harmonia de Corpo, Espírito e Palavra? Algum desses aspectos está menor que os outros?
O interessante nessa parábola é que a candeia (Corpo) não reduziu, mas sim o azeite (Espírito) e, consequentemente, o fogo (Palavra). Hoje, o Corpo não está abalado em número, mas sua conexão com o Espírito e a Palavra não está harmônica. Será que temos percebido isso como líderes? Busquemos ao Senhor para discernir até que ponto o azeite e o fogo estão reduzidos em nossas vidas e congregações! Muitos líderes se preocupam somente com a redução da candeia, mas não se importam quando o azeite e o fogo começam a reduzir. Preocupam-se com muitas atividades e estruturas e não discernem a diminuição do Espírito e da Palavra dentro do Corpo. Isso também tem tudo a ver com a vinda do Senhor. Não faz sentido falar sobre essa vinda sem o discernimento contínuo do quanto nós como discípulos, ministérios e congregações estamos intimamente ligados com o Espírito e a Palavra. Às vezes, confundimos a Palavra com a “letra” e julgamos que o fogo está aceso – mas isso não é verdade, e precisamos ter esse discernimento.
Concluindo, esses são os nossos maiores desafios em relação à vinda do Senhor e descrevem o quanto amamos e desejamos essa vinda. Façamo-nos, portanto, as seguintes perguntas:
Estou correspondendo de forma digna e plena ao chamado e responsabilidade ministerial que o Senhor me concedeu?
A congregação que pastoreio está vivendo em comunhão permanente, voltada ao anúncio da morte de Jesus até que ele volte?
O Corpo onde estou servindo como ministro está intimamente ligado ao Espírito e à Palavra até a volta do Noivo?
Em nossos dias, há muitas conversas, estudos e discussões sobre o final dos tempos e a vinda de Cristo – e isso é importante –, porém não “dá prêmio”. Paulo disse que receberia seu prêmio como consequência de amar a vinda do Senhor, e é isso que também devemos buscar e viver. Amém!
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